Realmente, as “perdas” já começam com a chegada da notícia. Perda de rumo, de certezas e convicções. Surgem medos e inseguranças, conflitos e questionamentos. O tempo pára e a vida passa depressa na cabeça, como um filme. Começa, então, uma rotina de exames, de idas e vindas a médicos, laboratórios, clínicas e hospitais. Muitas vezes, adentra-se, pela primeira vez, neste universo obscuro e distante do cotidiano. Começa uma corrida contra o tempo.
Perde-se o controle da vida!
A vida toma outra direção e passa a ser habitada por pessoas e locais diferentes. Surge um novo vocabulário, complexo e desconhecido, de nomes grandes e esquisitos, laudos, biópsias e resultados. Perdem-se os dias passados dentro de um hospital, numa fila de espera, nas idas e vindas dos papéis, autorizações, agendamentos e cancelamentos. Sim, perde-se a autonomia, o “ir e vir” livremente. Perde-se um dia de trabalho ou muitos dias, perde-se a capacidade de trabalhar e até mesmo o emprego. Perde-se o controle da vida e do corpo. Perde-se a noção do tempo e a certeza de quanto tempo ainda lhe resta. Perde-se o apreço e a fama. Vão-se embora os conhecidos e faz doer a perda dos que eram “amigos”.
Perde-se as roupas que já não cabem, perde-se o apetite, o cabelo, a pele corada e a aparência saudável. Perde-se a mama, o esôfago ou o útero, perde-se a voz. Mas, afinal, perde-se realmente tudo? Não, não e não!
Fazer surgir um novo broto de vida...
Sabedoria é conseguir reconhecer os ganhos em meio ao caos gerado pelo excesso das perdas, é enxergar essas perdas como podas que, bem aproveitadas, fazem surgir um broto novo.
Ganha-se fé, resiliência, resignação, sabedoria, força e muita vontade de viver... a gente se descobre pequeno, frágil, efêmero e totalmente dependente de Deus...
(Autor desconhecido)