sexta-feira, 30 de setembro de 2016

Se tem um limão, faça uma limonada!

O câncer, esse limão azedo, trouxe muitos prejuízos à minha vida! Por um certo período eu me senti, simplesmente, descartada da sociedade, pois durante o árduo tratamento, tive que me afastar de todas as minhas atividades pessoais e sociais, tais como trabalho, esporte, lazer, coisas que eu adorava fazer...sem contar que algumas pessoas também se afastaram de mim! 
A mudança na vida é gritante e perdemos o rumo muitas vezes, devido as implicações físicas e psicológicas causadas pelo tratamento.
Saí de mais um tratamento recentemente em razão de uma recidiva do câncer e decidi, dessa vez, fazer valerem os meus direitos de paciente com câncer, ou seja, fazer desse limão uma gostosa limonada! Pretendo me aposentar, tirar a carta de motorista especial, voltar a estudar e viver a minha vida de forma mais tranquila e mais saudável!
Meu investimento daqui para frente será em meu bem estar e em tudo o que estiver ao meu alcance para eu me sentir bem... Seja terapia, massagem, Pilates, acupuntura, alguma atividade esportiva, enfim, a hora é essa!
Também é hora de reciclar tudo e manter em minha vida somente o que e quem me faz bem!
E brindarei essa nova fase sabe com que? Com muita limonada, sem dúvida alguma.



quarta-feira, 14 de setembro de 2016

Chegamos a mais de 300.000 acessos!

Olá a todos. Esse post é simplesmente para comemorar a marca de trezentas mil visualizações neste blog! \o/

Nestes mais de 4 anos de blog, escrevi sobre muitas coisas, como novidades sobre tratamentos, notícias, estórias e às vezes meros devaneios! Conheci muita gente maravilhosa, perdi algumas outras vitimizadas pelo câncer e eu mesma tive recidiva do câncer, mas novamente superei todo o temível tratamento. Foram tantas mudanças em minha vida e, entre desafios e superações, eu ri, chorei, viajei, trabalhei, parei de trabalhar, me recolhi, reapareci, tive altos e baixos, mas a vida seguiu e continua seguindo em frente....
Na medida do possível, procurei continuar escrevendo e respondendo aos comentários postados aqui no blog.
Agradeço a todos que curtem esse espaço e que procuram divulgá-lo, pois a informação pode salvar vidas.
Meu muito obrigada a todos!
Um abraço coletivo a vocês leitores.

quinta-feira, 8 de setembro de 2016

O tratamento contra o câncer que irá substituir a quimioterapia


A imunoterapia já é uma realidade e agora já há avanços no sentido de substituir métodos mais agressivos....

Melbourne (Austrália) 6 SET 2016 ART. EL PAIS - por Pablo Linde

Há mais de um século, o cirurgião nova-iorquino William Coley observou que os tumores que continham em si alguma infecção tendiam a regredir. As bactérias ou vírus presentes na região onde as células estavam se multiplicando desordenadamente alertavam o sistema imunológico, que até então não havia detectado a anomalia em curso. Os cientistas acreditam ser bastante possível que as nossas defesas barrem o avanço de muitos tumores antes mesmo de eles serem detectáveis; aquilo que conhecemos como câncer seriam os casos em que as células malignas terão driblado o nosso sistema imunológico, conseguindo se espalhar às escondidas dele por meio de diversos mecanismos.

Coley fez experiências a partir dessa concepção injetando estreptococos nos tumores a fim de chamar a atenção do sistema de defesa do corpo. Obteve algum sucesso com isso, mas na maior parte dos casos o que houve foi um grande fracasso, pois a toxicidade da bactéria acabava causando mais problemas do que soluções. A pesquisa contra o câncer, então, buscou novos caminhos. Criaram-se tratamentos terrivelmente agressivos, porém mais eficazes, como a quimioterapia, que intoxica as células a fim de matá-las, e a radioterapia, que faz algo semelhante, mas de modo mais focado.

Os efeitos colaterais e a ausência de uma solução definitiva contra o câncer levaram a que a ideia do estímulo ao sistema imunológico, que sempre permanecera latente, voltasse a ganhar força há alguns anos. Os avanços realizados nas pesquisas iniciais fizeram com que essa técnica ganhasse destaque, pela prestigiosa revista Science,como o achado científico de 2013. Desde então, esse campo avançou bastante. Até três anos atrás, apenas 1% dos estudos apresentados no congresso da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (ASCO) tinham como base esse tipo de metodologia; essa taxa subiu para 10% no ano seguinte e chegou a 25% dos trabalhos que tratavam da imunoterapia no último congresso.

Esse crescimento exponencial fornece uma pista a respeito de por onde caminha a pesquisa sobre o câncer. Duas disciplinas que praticamente se davam as costas durante anos (a oncologia e a imunologia) agora caminham de mãos dadas, a tal ponto que esses tratamentos oncológicos foram um dos temas de maior destaque no Congresso Internacional de Imunologia realizado na semana passada em Melbourne (Austrália).

Criaram-se tratamentos terrivelmente agressivos, porém mais eficazes, como a quimioterapia e a radioterapia

Embora os tratamentos imunológicos ainda tenham caráter experimental, a técnica já é uma realidade relativamente consagrada em outros casos. Um exemplo presente é o de Susanne Harris, que viu surgir em seu corpo, há cerca de nove anos, um melanoma que não desaparecia com o uso das terapias convencionais. Em 2013, ela participou daquilo que ainda era uma experiência. A cada três meses, ela ia de Melbourne, onde vivia com o marido, até Sidney, onde lhe injetavam, durante meia hora, um medicamento chamado Keytruda. Em menos de dois meses, o tumor já dava sinais de regressão. Passados 12 meses, já era quase impossível detectá-lo. Em novembro próximo, ela completará um ano sem tratamento, e o tumor desapareceu, como foi possível visualizar no seu exame mais recente, que confirmou todos os anteriores. “Tudo isso sem nenhum efeito colateral”, conta ela, emocionada.

Seu caso não é isolado, tampouco apenas uma curiosidade específica. Trata-se de um dentre centenas de casos que alimentam a evidência da eficácia desse tratamento. Embora as provas de que ele pode dar certo sejam bastante contundentes, também o são as da sua seletividade. Ele surtiu efeitos apenas em 24% dos pacientes. Jonathan Cebon, diretor do Instituto de Pesquisa do Câncer Olivia Newton-John – que participou das experiências que salvaram a vida de Harris –, admite que um dos maiores desafios é entender por que a imunoterapia funciona apenas em algumas pessoas.

Duas disciplinas que praticamente se davam as costas durante anos (a oncologia e a imunologia) agora avançam de mãos dadas

No caso do melanoma, em especial, ela traz grandes esperanças, beneficiando-se do escasso êxito obtido pela quimioterapia e pela radioterapia nesse tipo de câncer. Seis tratamentos já foram aprovados pela FDA norte-americana. Cebon afirma que, considerando-os como um conjunto, sua eficácia chega a 80%. “Mas são dados que estão em constante movimento em função dos avanços que vão se apresentando”, pondera.

Embora todos os tratamentos com imunoterapia estejam calcados em ajudar as próprias defesas do organismo a localizarem e erradicarem o câncer, há, também, vários mecanismos de ação. No caso do Keytruda, a sua ação consiste em neutralizar uma proteína da superfície das células cancerígenas conhecida como PD1, que faz com que os linfócitos não lutem contra elas. Uma boa parcela da pesquisa oncológica passa pela ideia de neutralizá-las, para que o organismo consiga acabar com os tumores.

Outras técnicas consistem em extrair glóbulos brancos do paciente, seja do próprio tumor, seja de fora dele, selecionar aqueles que têm uma atividade antitumoral maior, cultivá-los, ativá-los e, por fim, implantá-los novamente no paciente. Trata-se de uma metodologia mais experimental do que a mencionada mais acima. Os cientistas ainda pesquisam como fazer para manipular essas células de modo a torná-las mais eficazes no combate aos tumores.

Um dos maiores desafios é entender por que a imunoterapia funciona melhor em algumas pessoas do que em outras contra os mesmos tumores

Uma terceira via no tratamento do câncer por imunoterapia são as vacinas. Mas não se trata de vacinas preventivas, como as que utilizamos contra o sarampo ou a gripe, mas sim terapêuticas, usadas quando o paciente já contraiu a doença ou até mesmo em um momento posterior à sua superação. O objetivo é alertar o sistema imunológico, que, por algum motivo, não se deu conta da existência do câncer, de que ele está ali. Para isso, costuma-se extrair células cancerígenas que são manipuladas a fim de que as defesas possam reagir diante do tumor de forma adequada. A primeira vacina desse tipo foi aprovada nos Estados Unidos em 2010 e é usada em alguns tipos de câncer da próstata.

Mas, como o câncer não é apenas uma doença, e sim um guarda-chuva que engloba muitos processos, é difícil encontrar uma vacina única que consiga tratar ou barrar o avanço de todos os tipos de tumor. Cada um deles requer pesquisas específicas, que levem em consideração como as células se espalham, suas características, seu estágio...

Outras técnicas extraem glóbulos brancos do paciente, selecionam os que têm uma atividade antitumoral maior para cultivá-los e ativá-los e depois implantá-los novamente na pessoa

As vacinas podem funcionar no sentido de conter a proliferação de células cancerígenas, diminuindo o tumor, eliminando aquelas que não tinham sido erradicadas com outros tratamentos ou evitando o seu ressurgimento. No último caso se encaixa o trabalho que tem sido feito contra o câncer de próstata por Jay A. Berzofsky, diretor do departamento de imunogenética e vacinas do Instituto Nacional do Câncer dos Estados Unidos. Os resultados das primeiras etapas de suas pesquisas, apresentados no Congresso Internacional de Imunologia, em Melbourne, mostraram uma evolução positiva em 75% dos pacientes. Trata-se, no entanto, de um estágio ainda muito prematuro, em que ainda não se comparou a sua eficácia com um grupo de controle que esteja submetido a um tratamento com placebo.

A vantagem que o câncer da próstata tem, no que se refere à pesquisa de vacinas, é o fato de ele possuir um indicador biológico de sua evolução, o PSA. A equipe de Berzofsky inoculou a vacina depois de eliminar o tumor e monitorar os níveis dessa substância. Dentre os pacientes, 75% tiveram uma diminuição em seu nível de crescimento depois da administração da imunização, o que indica a sua possível eficácia. “Caso tenha êxito, essa mesma vacina poderia ser eficaz também contra um tipo de câncer de mama, embora neste caso a pesquisa seja mais difícil”, conta o pesquisador.

A grande pergunta no caso da imunoterapia é se ela cura o câncer em definitivo ou apenas trata dele

O fato é que há um longo caminho pela frente. No cenário mais otimista, Cebon calcula que dentro de 10 anos a imunoterapia será capaz de substituir os tratamentos mais agressivos em vários tipos de câncer, como o da próstata, o melanoma, o do estômago e de mama. Mas a visão da maioria da comunidade científica é de que, mesmo nos casos em que o tratamento seja eficaz, será necessário combiná-lo, muitas vezes, com uma cirurgia, quimioterapia ou radioterapia, como destaca Robert G. Ramsay, do Instituto do Câncer Peter MacCallum, de Melbourne.

A outra grande pergunta a ser feita sobre a imunoterapia é se ela cura o câncer definitivamente ou apenas trata dele. Os medicamentos são tão recentes, que os pacientes que deles se beneficiaram ainda estão sob observação, para que se veja se os tumores retornam ou não. Laurie H. Glimcher, presidente do Instituto do Câncer Dana-Farber, de Boston (EUA), mostra um certo otimismo: “Esperamos que esses tratamentos evitem que os nossos filhos e netos morram de câncer. No futuro, este será uma doença crônica, e não fatal, como já ocorreu no caso do HIV”.

segunda-feira, 5 de setembro de 2016

Estudo traz uma nova abordagem para tratamento de câncer!


Uma nova abordagem para a terapia do cancro trabalha para controlá-lo, e não eliminá-lo completamente.
Pesquisadores criaram um novo sistema de entrega de drogas que poderiam melhorar a eficácia de um conceito emergente no tratamento do câncer - para  um controle em um longo prazo, não necessariamente visando a sua eliminação completa.

A abordagem, chamada de "regime de dosagem metron mico," utiliza doses significativamente mais baixas de drogas quimioterapêuticas, mas em intervalos de tempo mais curtos. Isto tem vários objetivos de matar as células cancerosas, a criação de um ambiente biológico hostil para o seu crescimento, reduzindo a toxicidade do regime de droga e evitar o desenvolvimento de resistência aos medicamentos contra o cancro a serem utilizados.

Um sistema acaba de ser publicado em Química de Materiais por um grupo de pesquisadores do Oregon e do Reino Unido e oferece uma forma ainda mais eficaz para entregar tais drogas e pode ser capaz de melhorar significativamente esta abordagem, dizem os cientistas. São necessários mais ensaios em animais e seres humanos para segurança e eficácia.

"Este novo sistema tem algumas drogas de terapia de câncer existentes para o cancro do ovário, oferece ambos ao mesmo tempo e permite-lhes trabalhar em sinergia", disse Adam Alani, um professor associado na Oregon State University / Oregon Health & Science University College of farmácia, e principal autor do novo estudo.

"Imagine se pudéssemos controlar o câncer em uma base de longo prazo como uma condição crônica, como é feito com a pressão arterial alta ou diabetes. Este poderia ser um enorme salto em frente."

Esta abordagem ainda está em estágios experimentais, Alani disse, mas mostra a promessa. Em um trabalho anterior com sistemas relacionados em testes com animais, OSU e pesquisadores colaboradores têm sido capazes de erradicar completamente os tumores.

Remissão total, Alani disse, pode ser possível com dosagem metron, mas o objetivo inicial é não só para matar as células cancerosas, mas para criar um ambiente em que é muito difícil para eles crescer, em grande parte, cortando grande suprimento de sangue que estes tipos de células muitas vezes precisam.

As quimioterapia convencional para cancro baseia-se na utilização de "doses máximas toleráveis" de uma droga, na tentativa de eliminar completamente os tumores ou cancro. Em alguns casos, tais como o cancro do ovário, no entanto, são necessários intervalos livres de drogas para permitir a recuperação do paciente dos efeitos secundários, durante o qual pode, por vezes, ocorrer de os tumores começarem a crescer novamente ou desenvolver resistência aos fármacos a ser utilizado.

Os tipos de cancros que esta abordagem pode prestar-se  melhor são aqueles que são bastante complexos e difíceis de tratar com regimes convencionais à base de "dose máxima tolerável." Isto inclui ovário, sarcoma, mama, próstata, e cancros do pulmão.

Um exemplo do novo regime metron mico, neste exemplo, é a utilização de duas drogas já comuns no tratamento do cancro do ovário - paclitaxel e rapamicina - mas a níveis de um décimo a um terço da dose máxima tolerável. Uma droga ataca as células cancerosas e a outra inibe a formação de células cancerosas e o crescimento de vasos sanguíneos nos locais de tumor.

O novo sistema desenvolvido nesta pesquisa leva o processo um passo adiante. Isso atribui estes fármacos para as nanopartículas de polímeros que migram especificamente em células cancerosas e são concebidas para libertar os medicamentos a um determinado nível de acidez, que é comum a estas células. As doses baixas, segmentação cuidadosa das drogas e sua capacidade de trabalhar em sinergia, ao mesmo tempo apareceu para aumentar grandemente a sua eficácia, enquanto elimina quase completamente a toxicidade.

"Nossa meta é reduzir significativamente os tumores, de forma lenta ou parar o seu novo crescimento, e dar tempo corpo e ao sistema imunológico de uma pessoa a recuperar a sua saúde e habilidades naturais para combater o câncer", disse Alani. "Estou muito otimista que isso seja possível, e que poderia fornecer uma abordagem totalmente nova para o tratamento do câncer."

Fonte da história:

O post acima é reproduzido a partir de materiais fornecidos pela Universidade do Estado de Oregon. Nota: O conteúdo pode ser editado para o estilo e comprimento.

Jornal de referência:

Deepa A. Rao, Gyan Mishra, Bhuvana Shyam Doddapaneni, Sergiy Kyryachenko, Igor H. Wierzbicki, Duc X. Ngyuen, Vidhi Shah, Adel Al M. Fatease, RAID G. Alany, Adam W. G. Alani. Combinatórias poliméricos micelas conjugados com dual efeitos citotóxicos e antiangiogênicas para o Tratamento de câncer de ovário. Chemistry of Materials, 2016; DOI: 10.1021 / acs.chemmater.6b01280

tradução: Nanci Venturini
fonte: ScienceDaily

Mitos e verdades sobre o câncer de ovário

A médica oncologista Ana Carolina Gifoni, membro do Comitê de Oncogenética da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC) e presidente ...