Ninguém falou que seria fácil, mas também ninguém falou que seria impossível!
Queridos,
Acordei com uma vontade muito grande de dividir com vocês a
luta que travo desde setembro de 2010. Aliás, luta que não é só minha. Luta que
divido com familiares, amigos e outras pessoas portadores de neoplasias.
Hoje fazem quatro anos!
Na manhã do dia 18/09/2010 entrei no hospital para uma
cirurgia de apêndice. Saí do centro cirúrgico horas depois com diagnóstico de
CA de ovário metastático ( bem avançado).
De verdade, a calma e coragem que brotava de mim surpreendia
a todos. Da notícia à primeira quimioterapia passaram-se quinze dias. Lógico
chorei muito! Tive muito medo. E acreditava que iria passar muito mal no
decorrer do tratamento, qual foi minha surpresa! Veio a primeira quimio e o
efeito colateral foi o seguinte: cansaço que me fazia dormir três dias
seguidos.
Lembro-me que as quimios eram semanais ( no Rio de Janeiro) e
morava em Niterói, todas as semanas eu , meu marido e sempre uma das minhas
filhas, atravessávamos a ponte Rio-Niterói. Avistava os navios no porto. O sol
brilhando convidando a todos para uma bela viagem. Sempre sonhei viajar de
navio. E pensava... Estou numa viagem! Uma viagem que não sei como terminará.
Para que ninguém me visse triste, sempre de óculos escuros, eu ficava a olhar
para a janela lateral do carro e lágrimas desciam. Não conseguia contê-las.
Era verão e a peruca dava um calor e uma coceira... Afffff
Mas eu chegava para o tratamento sempre arrumadinha e no
salto. Engordei 18 quilos no primeiro tratamento. Perdi todas as minhas roupas,
pois tinha 60 quilos. Lembro-me que me olhava no espelho e não me via. Era uma
outra pessoa.
Lidar com tantas emoções, tantos medos... Literalmente me fez
ressurgir!
Ressurgiu uma outra Luciene! Queria viver! Então não poderia
me dar ao luxo de chorar, me trancar num quarto e desistir... Queria viver!
Com muita fé! Acreditei na cura! E assim após seis meses de
quimiio, fiz uma cirurgia onde para alegria de todos foi constadado a remissão
total do câncer.
Que alívio! Esqueci os momentos de tormenta! Estava curada!
Um ano e meio de muita alegria... Estava de volta à vida!
Até que em setembro de 2012, descobrimos o retorno da doença.
Outro golpe! Junto com a recidiva descobri que para a
literatura médica não existe mais a palavra cura. E sim o câncer seria tratado
como uma doença crônica. O que já é uma benção, pois poderia ser tratada.
Triste mesmo é quando não existe mais possibilidade de tratamento.
Mas, na literatura da fé...
A palavra cura existe e me apego a ela com todas as minhas forças.
E veio o tratamento da primeira recidiva. Sucesso! Bem mais
fácil que o primeiro tratamento. Perdi os cabelos novamente... Não vou disser que
foi fácil mas foi menos difícil. Minha sobrinha raspou meus cabelos. Efeitos
colaterais quase nada.
Mudei minha postura diante do tratamento. Não fiquei trancada
em casa. Evitava lugares fechados, devido a imunidade. Mas preenchi meus dias
me preparando para a formatura da minha filha Carol e a tão esperada festa dos
meus 50 anos. Passou rápido da cirurgia da colocação do cateter ao término dos
seis ciclos de quimio ( de novembro a março de 2013). Em março, o exame do Pet
Scan constatou que essa porcaria de doença havia sumido.
Não acabou!
Este marcador tumoral (CA 125), que é o estresse dos
portadores de neoplasias de ovário, não largava do meu pé. Começou a subir em
outubro. Mas os exames de imagem não acusavam imagem. Doideira!
Fiz uso da quimioterapia oral para ver se segurava o marcador
tumoral, e segurou até julho, pois em agosto foi checado aumento de CA 125 e
imagem... Retorno ao tratamento! Desta vez novos medicamentos. E efeitos
colaterais diferentes.
Resumindo, na segunda quinzena de outubro realizarei exames
para ver se o tratamento está surtindo efeito. Claro que vai estar! Creio!
Uma coisa boa! O cabelo não caiu, mas tá ralinho. Estou
achando lindo!
O que trago dentro do coração, deste resumo da ópera que
acabei de descrever?
- Desistir não vou!
- Acreditar sempre que Tudo Posso Naquele Que Me Fortalece!
Deus!
- Solidariedade e amor curam!
- Cantar espanta os males!
- AMOR é o que me move! E desta forma seguirei... Se eu
posso! Muitos podem!
Ah! Também tenho meus ataques, tá!? Sou normal! Rsss
E para terminar: Força, foco e fé!
Sou brasileira não desisto nunca!
Beijos,
Luciene. (Lú)